segunda-feira, 8 de junho de 2015

INTERAGINDO

CONSIDERE A LETRA DA CANÇÃO DE ARNALDO ANTUNES:

 INCLASSIFICÁVEIS
que preto, que branco, que índio o quê? 
que branco, que índio, que preto o quê?
que índio, que preto, que branco o quê? 
que preto branco índio o quê? 
branco índio preto o quê? índio preto branco o quê?
aqui somos mestiços mulatos cafuzos pardos mamelucos sararás crilouros guaranisseis e judárabes orientupis orientupis ameriquítalos luso nipo caboclos orientupis orientupis iberibárbaros indo ciganagôs 
somos o que somos inclassificáveis não tem um, tem dois, não tem dois, tem três, não tem lei, tem leis, não tem vez, tem vezes, não tem deus, tem deuses, não há sol a sós aqui somos mestiços mulatos cafuzos pardos tapuias tupinamboclos americarataís yorubárbaros. 
somos o que somos inclassificáveis 
que preto, que branco, que índio o quê? 
que branco, que índio, que preto o quê? 
que índio, que preto, que branco o quê? 
não tem um, tem dois, não tem dois, tem três, não tem lei, tem leis, não tem vez, tem vezes, não tem deus, tem deuses, não tem cor, tem cores, não há sol a sós egipciganos tupinamboclos yorubárbaros carataís caribocarijós orientapuias mamemulatos tropicaburés chibarrosados mesticigenados oxigenados debaixo do sol

Que tipo de conceito é interessante para pensarmos essa letra de música? Por quê?

Podemos pensar a canção INCLASSIFICÁVEIS tanto sob a perspectiva de etnicidade como do ponto de vista de identidade. O conceito de identidade, porém, parece mais interessante, pois permite entender as misturas sucessivas que aparecem na letra da canção. O autor questiona definições como branco, índio ou preto e propõe em seu lugar múltiplas identificações (e justaposições), como “orientupis”, “judárabes”, etc. Essas misturas indicam a composição de identidades com base em diferentes heranças culturais. Mas poderíamos pensar também em etnicidades, se imaginarmos que essas misturas podem produzir ações políticas de defesa de interesses de grupos. 

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